O bairro Cotia e a antiga Fazenda Santa Constança

 

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Quem anda pelo bairro Cotia nos dias de hoje talvez não imagine o quanto este lugar tem de história. Localizado no núcleo da Antiga Fazenda Santa Constança, propriedade erguida no século 19, durante o período imperial, e que pertencia a João Luiz da Fonseca quando foi adquirida em 1938 pela S. A. Cortume Carioca – que chegou a ser a maior indústria de curtição de couros das Américas.

Em janeiro de 1939, iniciou-se na região o plantio da acácia negra, árvore da qual é extraído da casca o tanino, usado na industrialização do couro. A propriedade chegou a ter 150 km de estradas próprias, plantio de diferentes frutas, legumes e verduras, vila de casa para funcionários, moinhos, cerca de 10 mil galinhas, chocadeira para milhares de ovos, gado leiteiro, porcos e até búfalos.

Considerada um modelo na época, a Santa Constança passou de 200 moradores, em 1939, para 1.350, em 1943 – 300 deles chegaram com a inauguração da fazenda, que movimentou a economia local e fortaleceu o comércio, impulsionando o processo de desenvolvimento iniciado décadas antes pela antiga ferrovia.

Um dos dirigentes mais conhecidos do empreendimento era o suíço Paulo Zimmermann. Já o consultório médico, construído para as famílias dos colonos, era liderado pelo Dr. Cavalcanti Filho. A fazenda também reestruturou uma antiga escola da região, o atual Colégio Estadual Cortume Carioca. Além disso, contava com um clube onde eram realizados eventos, bailes e carnavais da cidade e um time de futebol – o lendário Santa Constança Futebol Clube.

No final da década de 80, a Fazenda Santa Constança sucumbiu, dando espaço para a Cooperativa Agrícola de Cotia, criada em 1927 por imigrantes e descendentes japoneses em São Paulo. Na década de 90, a Cotia já reunia o maior número de associados do Brasil. Em 1992, ganhou força no Rio de Janeiro. Mas, antes do fim dessa mesma década, foi à falência após uma série de escândalos e calotes.

Com o fim das atividades, a propriedade foi loteada, tornando-se um bairro em plena expansão. Dos tempos mais remotos, resguarda o clima bucólico, algumas poucas casas de colonos (uma delas poderia se tornar um centro cultural), a velha chaminé industrial de tijolos maciços, galpões e também algumas palmeiras imperiais centenárias.

A Cotia está localizada nos limites da Área de Proteção Ambiental Guapi-Macacu e é banhada pelo rio oriundo do encontro dos rios Iconha, Socavão e Caneca Fina. Oferece um visual único para quem ama contemplar a nossa serra desde a pracinha que fica logo na entrada principal do bairro e que ganhou recentemente a escultura de uma simpática cutia, mamífero roedor responsável por reflorestar nossas matas mais densas enterrando sementes.

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